sábado, 25 de abril de 2015

Depoimento emocionante de um sobrevivente no acidente do Buraco do Cação



Uma semana depois do acidente que causou comoção em Ilhabela, onde Marcela Reis, 32 anos morreu em um acidente no local conhecido como ‘Buraco do Cação’, o piloto do jet ski, o empresário Leonardo Bertocco, deu um comovente depoimento a Caio Gomes, do ‘Tribuna do Povo’, o qual reproduzo aqui.

“Somente hoje estou conseguindo voltar para o meu computador... E decidi contar para você o que se passou na gruta do cação no último domingo, bem como a minha relação com o mar...

Meu contato com o mar se iniciou na minha adolescência, na década de 80, nesta época eu passava muitos dias nadando no mar... Como minha mãe tinha um apartamento na Praia Grande, município do litoral sul, eu passava mais de 90 dias por ano na praia, e como nesta época minha vida se resumia a estudar e competir em competições de natação tinha muita cumplicidade com o mar...

Como as praias de Praia Grande, são diferentes das de ILHABELA, lá era muito comum pessoas se afogarem... E sempre que eu via que alguém precisava de ajuda no Mar, eu entrava e conseguia trazer a pessoa em segurança para a areia...
Por um tempo, isto se tornou uma rotina, ao ponto de achar que o mar jamais poderia me vencer...

Eu entrava no mar em qualquer situação e mesmo com ondas e correnteza sempre conseguia superá-lo...

Em cada resgate bem sucedido eu sentia orgulho de poder ter ajudado uma pessoa desconhecida a continuar com sua vida...

Mas um dia isto mudou... Eu estava sentado na praia comemorando o novo emprego de meu amigo, quando ele e a namorada foram para um banho de mar... Em apenas alguns minutos, ela voltou correndo e gritando por ajuda, dizendo que ele estava se afogando! Entrei imediatamente no mar, e em menos de cinco minutos, já colocara meu amigo de volta na praia, porém nesta época ainda não conhecia os procedimentos de RCP (Recuperação Cardo Pulmonar) e até a chegada dos bombeiros, meu amigo acabou falecendo...

Percebi então que com o Mar não se brinca... Com o Mar não pode vacilar...

Percebi que eu não era invencível...

Quando passei a frequentar ILHABELA, nos anos 90 eu já havia feito cursos de Mergulho e de medic first aid (Primeiros Socorros no Mar), para ter conhecimentos e não mais ser surpreendido em situações de emergência...

Assim que construí minha casa na Ilha, uma das primeiras coisas que fiz foi adquirir um barco... Tive diversos nestes últimos anos... E sempre considerei minhas embarcações como “AERONAVES”, pois eu sempre dizia que elas nunca poderiam falhar, pois, caso falhassem nossas vidas correriam riscos... Nestes anos todos enfrentei diversas condições de Mar... Dei mais de cem voltas ao redor da Ilha... Nem sei quantas vezes estive no Buraco do Cação...

Já minha relação com as motos aquáticas começou em 1999... Tive diversos modelos e desde que conheci os modelos da Yamaha, numa mais troquei de marca, justamente por considerá-la a mais segura e confiável.

Existem muitos vídeos destes meus passeios, encontros com golfinhos, com baleias, com pinguins e em praticamente todo o perímetro de Ilhabela... Nestes mais de quinze anos andando de motos aquáticas, nunca arranhei um dedo sequer...

Também havia muito cuidado com a preparação dos nossos passeios e viagens... Sempre consultávamos os sites meteorológicos para não ser surpreendido por alguma mudança súbita do clima...

Muitos passeios acabavam sendo mudados ou adiados se fossem percebidas condições inseguras...
No domingo, antes do passeio, consultei o site Windguru, que informava tempo nublado para todo o domingo, e chuva para a segunda feira... (o que não se confirmou)

Eu estava com um grupo de amigos em casa, comemorando o aniversário de um sobrinho, e dentre estas pessoas estavam minhas amigas Andrea e Marcela...

Como no sábado já havia passeado com a Andrea (ido até a praia do poço) e a Marcela nunca havia andado de moto aquática, convidei a Marcela para um passeio, e como ainda havia uma vaga na moto aquática a Andrea veio também...

Decidimos sair com duas motos aquáticas, (Eu Andrea e Marcela em uma, e minha namorada e o filho na outra) Combinamos de ir para o sul, e caso o mar estivesse bom, iríamos para o Bonete...

Saímos do Ilhajet Club por volta das 11:45 da manhã, e em frente á praia do Julião fomos abordados por uma patrulha da marinha que fazia a inspeção naval...

Ficamos aproximadamente 20 minutos e fomo liberados para seguir com o passeio... Passeando pela costa da ilha, ia dizendo o nome das praias, lugares interessantes, bem como mostrando a localização dos naufrágios que estavam em nossa rota... Tudo transcorria maravilhosamente bem, o mar muito calmo, a navegação tranquila... Decidimos então, como o mar estava calmo o suficiente para irmos até o Bonete...

Passando pela pedra do japonês, e passei a navegar mais próximo da costa, para mostrar as maravilhas das formações rochosas para as meninas...

Chegamos rapidamente na formação rochosa do Cação... Passamos em frente à primeira gruta, virei e retornava lentamente mostrando toda beleza e magnitude daquela formação...

Quando fomos surpreendidos por uma forte ondulação...

Esta ondulação atingiu a moto aquática pelo lado esquerdo, fazendo com que nós nos desequilibrássemos e caíssemos na água... Como eu estava em baixíssima velocidade, o impacto fez com que eu caísse do lado direito da moto aquática, porem com a chave de segurança ainda no contato...

Isto fez com que nossa moto aquática virasse em direção à gruta do cação, e antes que nós pudéssemos subir a bordo, fomos atingidos, agora por uma grande onda que nos arrastou para dentro da gruta...

Ocorre que como estávamos os três apoiados no mesmo lado da moto aquática, a mesma acabou virando de ponta cabeça dentro da gruta.

Começava ai um pesadelo que não teria mais fim...

Dentro da gruta, minha primeira reação foi a de tentar desvirar a moto aquática para podermos embarcar e seguir viagem... Porem não conseguia apoio suficiente para reverter à embarcação, bem como as meninas não conseguiam me ajudar nesta tarefa!
Decidimos então abandonar a embarcação e sair de dentro da gruta! Começamos a nadar em direção á saída, e quando já na fora da garganta da gruta, aparecia outra onda e nos mandava de volta...

Tentamos pelo menos cinco vezes este procedimento, e percebi que por cima das ondas não conseguiríamos sucesso, pedi para que as meninas se mantivessem calmas e poupassem energia, pois tinha certeza que a outra moto aquática havia visto nosso acidente e iria providenciar socorro, mas também sabendo da distancia que estávamos do canal, estimei para as meninas que o socorro poderia demorar até umas duas horas para chegar...
Ficamos aguardando de forma tranquila e calma, pois estávamos com colete e flutuando com tranquilidade, cada uma agarrada a um banco da embarcação...

Conforme o tempo foi passando fiquei pensando em alternativas de como sair dali... Uma seria tirar o colete e passar sob a arrebentação na garganta... Ai pegar uma corda com uma bóia para puxar as meninas...

Mas se ao sair não tivesse corda disponível? Não poderia voltar caso não tivesse, e em hipótese alguma cogitava deixar as duas sozinhas na gruta... Já tentar com que elas nadassem comigo sem o colete era um risco muito grande, pois caso algo desse errado eu só poderia arrastar uma delas...

O tempo passava, e apesar de termos combinado de comer um peixinho assim que saíssemos da gruta, comecei a me preocupar quando vi que as ondas começaram a aumentar de intensidade e frequência com que entravam na gruta!

Já não era possível sequer se aproximar da garganta da gruta... Isto decorrido aproximadamente duas horas após o acidente... Avisei as meninas que o socorro já devia estar bem próximo, e que a qualquer momento iríamos ver uma bóia com uma corda para nos tirar dali!

Escutamos então gritos vindos do lado de fora da gruta! Respondemos com a esperança de que o socorro já havia chegado e em breve aquele pesadelo iria terminar...
Mas não! Ao invés disto, passamos a ser castigados cada vez mais pela fúria das ondas e não entendia o porquê da demora do socorro... A única coisa que precisávamos era de uma corda e uma boia!

Rapidamente as condições do mar pioraram dentro da gruta e passamos a ser atingidos agora pelos destroços da embarcação! Os bancos que serviram de apoio para as meninas se desfizeram! A Marcela passava agora a maior parte do tempo pendurada em mim! E Isto já com mais de três horas de espera! Não compreendia a dificuldade de nos mandar uma boia com uma corda!

Com o agravamento da situação, pedia para as meninas mantivessem a calma e que prendessem a respiração cada vez que uma grande onda adentrasse a gruta. Podíamos perceber que iríamos ter companhia quando a entrada da gruta ficava “escura”, nestas ocasiões uma grande onda estava a caminho!

Os destroços da embarcação passarão então a ser mais um obstáculo que tínhamos que enfrentar! Apesar de eu tentar isolá-los das meninas, invariavelmente algum acabava por nos atingir! Fiquei muito preocupado quando um dos destroços atingiu o rosto da Andrea...

Com a agitação constante do mar dentro da gruta, passamos a nos chocar com as pedras e nos ferir com as cracas e mariscos... Começavam agora a aparecer cortes e mais cortes em nossos corpos...

E além de se concentrar em não beber água do mar, tínhamos também que nos preocupar com os destroços...

A situação passara agora para uma fase crítica... Dentro da gruta passamos a gastar muita energia para escapar das ondas e dos destroços... Percebi nesta hora que nossas chances de escapar dali estavam diminuindo drasticamente... Não conseguia entender porque quase quatro horas após o acidente não havia chegado nossa bóia de salvação...

Quem me conhece sabe que não sou de ficar fazendo pedidos para Deus! Porem nesta tarde fiz um pedido: - Que se ele tivesse que levar alguém dali, que eu fosse o escolhido! 

Já havia examinado toda a gruta a procura de um ponto que pudéssemos nos apoiar e sair da água caso tivéssemos que passar a noite ali a espera de uma melhora nas condições do tempo, mas percebi que não havia um só ponto seco na gruta...

Agora mais um fantasma passava a nos atormentar... Estávamos rapidamente perdendo temperatura corporal! Olhei ao redor e não tinha nada que eu pudesse usar para aquecer as meninas! Nem ficarmos grudados era possível devido à agitação do mar dentro da gruta.

De tanto ficar nadando com a Marcela pendurada em mim, comecei a ter câimbras... Nestes momentos parava de nadar e procurava apoiar a perna nas rochas para poder reverter à câimbra... Eu sabia que caso tivesse câimbra nas pernas, seria o fim...

Com o passar do tempo e a temperatura caindo, as frequências dos princípios de câimbras aumentaram muito... E como o socorro não chegava, achei que não viria mais...

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo do lado de fora... Agora já não tinha mais força ou energia para sair da gruta e retornar com uma corda... Minhas forças estavam no fim...

Neste momento, adentrou um bombeiro na gruta e nos perguntou quem estava em piores condições... Informamos que a Marcela era quem estava sofrendo mais com a baixa da temperatura...

Ele então iniciou os preparativos para retira-la da gruta... Prendeu á numa corda... Afastou-se de nós, mas instantes depois voltou com a Marcela, dizendo que o “Jet Ski atrapalhou a saída vou ter que voltar daqui a pouco para buscá-la!”.
Ai ele desapareceu nas ondas!!! Como assim atrapalhou a saída???

Ficamos sem entender... Mas com esperança de um breve retorno!
Porém mais uma vez veio a frustração... Nada! Longos minutos se passarão e não entendíamos porque ninguém voltava!!!

Nisto num momento de calmaria avistamos uma corda flutuando!!! Era o que tanto precisávamos para poder sair dali! Agora estávamos com uma bóia circular e uma corda! Tudo o que havíamos desejado desde o inicio! As duas meninas ficaram segurando na bóia enquanto eu as puxava com uma mão e ia puxando a corda com a outra... Os problemas começaram quando estávamos atravessando a garganta, a corda ficou “frouxa”... Não conseguia mais avançar rapidamente... Eu já avistava a embarcação dos Bombeiros e vários barcos ao redor só que não podia acenar para eles nos puxarem, pois estava com as duas mãos ocupadas... Comecei a acelerar ao máximo a puxada da corda, mas a cada puxão mais corda vinha na minha mão... Neste momento outra grande vaga veio em nossa direção... Usei toda a força que possuía para segurar a corda e as meninas... Não consegui... 

Neste momento achei que tudo estava perdido... Gastei as ultimas fontes de energia que ainda possuía nesta tentativa... Não conseguia mais respirar... Não conseguia mais nadar... Minha sorte foi que esta ultima onda me jogou sobre uma pedra no fundo da gruta que me permitia ficar com o dorso fora da água sem a necessidade de bater os pés...

Estava definhando rapidamente... A frustração de ter chegado praticamente fora da gruta e ter retornado para dentro causava uma sensação terrível de fracasso... Neste momento nossa amiga Marcela nos deixou... Ela não resistiu à hipotermia e acabou sucumbindo...

Tive que mais uma vez reunir energia não sei de onde para me aproximar da Andrea e tentar confortá-la e dar esperança para que ela aguardasse o socorro... Eu mesmo já não acreditava que alguém iria nos resgatar, e não tinha mais forças para qualquer tentativa... Era tudo uma questão de tempo... Pouco tempo...
Nisto mais um bombeiro adentrou a gruta e perguntou por quem estava em pior condição... Informei que era a Andrea e pedi que ela a tirasse o mais rápido possível...

Fiquei só na gruta com a Marcela... Não conseguia entender porque estivemos tantas vezes tão perto de sair dali e não conseguimos... Respirava com muita dificuldade e não tinha mais forças para enfrentar as ondas... Estava cada vez mais fraco e engolindo cada vez mais água...

Uns vinte minutos se passaram até que dois mergulhadores adentraram novamente na gruta... Confesso que achei que mesmo com eles não conseguiria mais sair... Já não tinha mais força para segurar a corda... Um deles me prendeu a uma espécie de bóia e foi comigo na saída... Fomos resgatados por um bombeiro que nos esperava na saída numa moto aquática e me levou a um bote dos bombeiros...

Não sei como subi a bordo... Quando percebi estava deitado na embarcação sentindo muito frio e sem conseguir respirar... Ofereceram-me oxigênio e acredito que isto foi primordial para que eu chegasse com vida ao hospital.

No Hospital Mario Covas fui atendido com extrema cortesia e profissionalismo. E nas poucas vezes que estive no Hospital sempre fui bem atendido!

Os médicos e médicas que me atenderam, bem como os enfermeiros e enfermeiras que me trataram com extremo carinho! Eu estava extremamente debilitado, com uma sede “mostro”, e nunca na minha vida um copo de água teve sabor tão maravilhoso!

Passei a noite toda acordado, pois as feridas não me deixavam dormir, e a cada vez que fechava os olhos escutava o barulho das ondas e via as imagens delas entrando na gruta.
Minha noite só foi suportável, porque durante toda a madrugada, uma enfermeira de nome Susan, oriunda do Bonete e em avançado estado de gravidez passou por varias vezes no meu leito para cuidar de minhas feridas... E diminuir minha dor...

Mas a dor mais profunda ainda estava para por vir... Foi na manhã seguinte quando os pais de minha amiga Marcela vieram me visitar! Como explicar para eles que não consegui tira-la de lá com vida! Como explicar para eles que por mais que eu tenha me esforçado, por mais que eu tenha tentado fracassei em tira-la de lá com vida... Não existe no mundo dor maior do que a perda de um filho! Nós não estamos preparados para isto acontecer! Desde pequenos somos programados para ver nossos avós partir... Depois nossos pais... Quando a ordem é invertida, o mundo parece acabar... A dor parece não ter fim...

Ainda hoje não consigo entender como um passeio tranquilo e feliz se transformou numa enorme tragédia!

Não tem uma só noite que não feche os olhos e não sinta o mar me arrastando... O barulho aterrorizante das ondas batendo na gruta... Não veja as imagens do pior dia da minha vida...
E sempre ficam as questões martelando na minha cabeça:
E SE...

Qualquer um dos detalhes abaixo citados fosse modificado, a tragédia poderia ter sido evitada:

Se tivéssemos ficado mais tempo ou menos tempo na fiscalização da Marinha poderíamos mudar o timing de quando o Jet passava enfrente a gruta, e a primeira onda não nos atingiria...

Se estivéssemos com velocidade superior enfrente a gruta quando a primeira onda nos atingiu, o Jet não iria desequilibrar e não teríamos caído no mar...

Se não tivéssemos caídos todos para o mesmo lado o Jet não teria virado de encontro com a entrada da gruta...

Se ao cair do Jet a trava do botão de emergência tivesse escapado e paralisado imediatamente o Jet, não teríamos nos aproximado tanto da entrada da gruta...

Se quando a segunda onda que nos atingiu, não tivesse virado o Jet, poderíamos ter saído rapidamente lá de dentro. 
Se tivéssemos conseguido desvirar o Jet rapidamente teríamos saído de lá ilesos...

Se tivéssemos abandonado os coletes poderíamos ter saído a nado quando o mar ainda estava calmo e estávamos com plena energia...

Se o socorro tivesse conseguido enviar a tempo uma boia com um cabo preso em algo fixo, teríamos conseguido sair de lá...
Se a primeira tentativa de resgate não tivesse sido abortada, todos teríamos escapados...

Portanto estar no local errado na hora errada desencadeou esta tragédia que podia sim ter sido evitada...

Agora após passar por esta situação é que finalmente entendi a gratidão que um resgatado sente por seu socorrista... Assim que me recuperar quero poder voltar ao Bonete e abraçar as pessoas que mesmo não nos conhecendo arriscaram suas vidas para nos salvar... Quero agradecer aos bombeiros que apesar de serem preparados para situações como esta estavam totalmente desequipados e tiveram que improvisar e por suas vidas em risco para nos salvar...

Quero agradecer também a todos que se envolveram de alguma forma em nosso resgate, seja pelas redes sociais, telefones, ou indo buscar apoio nas embarcações que por ali passavam...


E enfim lembrar-se de minha querida Marcela, que em qualquer lugar que esteja saiba que nunca me esquecerei de você e prometo de todas as formas procurar alguma forma de confortar sua família...

Um comentário:

  1. Uma tragedia. So nao entendemos porque os bombeiros demoraram tanto em chegar ate dentro da caverna. Numa situacao tao desesperadora algo deveria ter sido feito com mais urgencia. Fica a indagacao.

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