sábado, 22 de abril de 2017

Dona Zezé comemora 100 anos com três dias de festa

Hoje, a história que vou contar é de Dona Zezé, que tive o prazer de entrevistar em abril de 2013 para o falecido Jornal Imprensa Livre, quando completava 100 anos de idade. Fiquei pensando se ela estaria , ainda, entre nós, e qual foi a minha surpresa quando soube que comemorou, recentemente, 104 anos. Viva Dona Zezé!


No dia 12 de abril de 1913, em Uberlândia (MG), nascia Maria José Peçanha, ou simplesmente Dona Zezé. Hoje ela comemora 100 anos de vida com muita disposição e amor pela vida. Um século de realizações, de emoções, viagens e mudanças até escolher a cidade de Caraguatatuba para se fixar. E aqui ela está há quase 30 anos.

Com o espírito de uma jovem, ela é o xodó da vizinhança onde mora, no Porto Novo, na região sul, e dos amigos que fez ao longo dos anos. Tanto é que serão pelo menos três dias de festa para comemorar seu aniversário.

O primeiro já é hoje logo cedo, lá na piscina do Centro Esportivo Municipal Ubaldo Gomes (Cemug), onde há vários anos pratica hidroginástica. Disposição não lhe falta porque acorda ainda de madrugada para se arrumar e encontrar com o professor Camilo e sua turma. “Eles queriam me fazer uma surpresa, mas o professor já contou para eu ir preparada que vai ter bolo amanhã (hoje)”, confessa com um largo sorriso de quem fez alguma traquinagem.

A festança continua amanhã, mas no salão do bairro Barranco Alto, onde amigos como Ivana Pagnota fizeram questão de arrumar tudo com muito carinho. Uma festa da comunidade que Dona Zezé conquistou. No domingo é a vez dos familiares que farão o almoço de família.

O que não vai faltar é gente porque Dona Zezé é mãe de dois filhos. Agora a quantidade de netos, bisnetos e tataraneto ela perdeu as contas. Só lembra que a mais velha tataraneta tem 13 anos e a mais nova 3 anos. “O que vem depois de tataraneta mesmo. Ainda é da família?”, pergunta bem humorada. Mas se você pensa que o esquecimento é em função da idade, ledo engano. É porque é muita gente mesmo!

Com ela só mora um filho de 55 anos que operou da coluna e está afastado do trabalho. Mas é ele que faz todas as vontades de Dona Zezé, que não são muitas, apenas levá-la à hidroginástica, ao banco, à casa das amigas, a um passeio... Para isso, ela comprou um carro, seu primeiro carro, que mostra com orgulho, apesar de não ter habilitação. “Não dirijo por causa do meu joelho, mas meu neto me leva onde quero”, confessa.

Questionada se a idade avançada, de alguma forma a atrapalha, ela é taxativa em dizer que não. Adora viajar em excursões, assim como fazia quando era mais nova e vinha para Caraguatatuba junto com uma amiga que tinha casa na cidade. Depois que saiu de São Paulo, não teve dúvidas, escolheu Caraguá para morar, construiu sua casa e nela passa momentos de sua vida.

Ao ser perguntada sobre mais motivos que a trouxeram para o Litoral Norte, conta que veio atrás de um namorado. “Mas não deu certo não e ele seguiu tocando a sua vida e eu a minha”.


Sua casa parece um Jardim Botânico de tanta planta que ela confessar adorar cuidar. “Gosto muito de planta e todas elas fui eu que plantei”, conta.

Ah, sabe aquela imagem de vovó que a gente tem, de quem gosta de dormir cedinho, junto com as galinhas? Com Dona Zezé não tem nada disso! Cama, só depois das 23h, quando já assistiu todas as novelas que passam na TV. E no outro dia lá está ela com toda disposição do mundo, preparada para mais um dia.

Dona Zezé é espírita e conta que aprendeu muito quando adotou a doutrina kardecista. “Desejo ficar mais uns tempos aqui, mas Deus é quem sabe, mas se Ele quiser, eu também quero ficar porque estou muito feliz com o que sou”, reflete. E ela demonstra mesmo toda essa felicidade. Vaidosa como a maioria das mulheres, gosta de estar bonita tanto que passou parte dia de ontem se preparando para as festas de aniversário.

Com um vestido colorido, unhas feitas e pintadas, cabelo trançado sem a presença de um fio branco e muitas bijuterias, ela recebeu a reportagem dizendo que quis se preparar para dar a entrevista e sair bem na foto.

Dona Zezé também faz questão de cuidar da saúde como conta a sobrinha Marlene de Oliveira, 72 anos, que veio de Goiânia para comemorar o aniversário da tia. “Pergunta para ela dos chás que toma?”, sugere. 

E é verdade. Diariamente ela levanta e faz uma chaleira com o chá de 30 ervas e toma pelo menos três vezes por dia. Ah, antes disso, costuma tomar um copo com água em jejum, um ritual sagrado. Gosta de comer frango e peixe e raramente come carne vermelha. “Não gosto porque não é muito saudável”, conta lembrando que deixou de comer soja porque descobriu que não era tão saudável como se pregavam. “Eu gosto de estar bem, de me cuidar”.

Dona Zezé também é um exemplo para  a comunidade onde reside, nas palavras de dona Célia Rocha, 77 anos, que convive com ela nesses quase 30 anos. “Ela é um espelho para mim. É nela que me inspiro todos os dias!” Já a dona de casa Ines Santarello Felipe, 59 anos, tem uma definição para descrever Dona Zezé: “ela é nossa rainha”.

E é nesse clima de festa e camaradagem que Dona Zezé comemora seu centenário, nos convidando para o próximo ano quando pretende soprar as velinhas de 101 anos. Parabéns Dona Zezé!


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