Uma semana depois do
acidente que causou comoção em Ilhabela, onde Marcela Reis, 32 anos morreu em
um acidente no local conhecido como ‘Buraco do Cação’, o piloto do jet ski, o empresário
Leonardo Bertocco, deu um comovente depoimento a Caio Gomes, do ‘Tribuna do
Povo’, o qual reproduzo aqui.
“Somente hoje estou conseguindo voltar para o meu
computador... E decidi contar para você o que se passou na gruta do cação no último
domingo, bem como a minha relação com o mar...
Meu contato com o mar se iniciou na minha
adolescência, na década de 80, nesta época eu passava muitos dias nadando no
mar... Como minha mãe tinha um apartamento na Praia Grande, município do
litoral sul, eu passava mais de 90 dias por ano na praia, e como nesta época
minha vida se resumia a estudar e competir em competições de natação tinha
muita cumplicidade com o mar...
Como as praias de Praia Grande, são diferentes das
de ILHABELA, lá era muito comum pessoas se afogarem... E sempre que eu via que
alguém precisava de ajuda no Mar, eu entrava e conseguia trazer a pessoa em
segurança para a areia...
Por um tempo, isto se tornou uma rotina, ao ponto
de achar que o mar jamais poderia me vencer...
Eu entrava no mar em qualquer situação e mesmo com
ondas e correnteza sempre conseguia superá-lo...
Em cada resgate bem sucedido eu sentia orgulho de
poder ter ajudado uma pessoa desconhecida a continuar com sua vida...
Mas um dia isto mudou... Eu estava sentado na praia
comemorando o novo emprego de meu amigo, quando ele e a namorada foram para um
banho de mar... Em apenas alguns minutos, ela voltou correndo e gritando por
ajuda, dizendo que ele estava se afogando! Entrei imediatamente no mar, e em
menos de cinco minutos, já colocara meu amigo de volta na praia, porém nesta
época ainda não conhecia os procedimentos de RCP (Recuperação Cardo Pulmonar) e
até a chegada dos bombeiros, meu amigo acabou falecendo...
Percebi então que com o Mar não se brinca... Com o
Mar não pode vacilar...
Percebi que eu não era invencível...
Quando passei a frequentar ILHABELA, nos anos 90 eu
já havia feito cursos de Mergulho e de medic first aid (Primeiros Socorros no
Mar), para ter conhecimentos e não mais ser surpreendido em situações de
emergência...
Assim que construí minha casa na Ilha, uma das
primeiras coisas que fiz foi adquirir um barco... Tive diversos nestes últimos
anos... E sempre considerei minhas embarcações como “AERONAVES”, pois eu sempre
dizia que elas nunca poderiam falhar, pois, caso falhassem nossas vidas
correriam riscos... Nestes anos todos enfrentei diversas condições de Mar...
Dei mais de cem voltas ao redor da Ilha... Nem sei quantas vezes estive no
Buraco do Cação...
Já minha relação com as motos aquáticas começou em
1999... Tive diversos modelos e desde que conheci os modelos da Yamaha, numa
mais troquei de marca, justamente por considerá-la a mais segura e confiável.
Existem muitos vídeos destes meus passeios,
encontros com golfinhos, com baleias, com pinguins e em praticamente todo o
perímetro de Ilhabela... Nestes mais de quinze anos andando de motos aquáticas,
nunca arranhei um dedo sequer...
Também havia muito cuidado com a preparação dos
nossos passeios e viagens... Sempre consultávamos os sites meteorológicos para
não ser surpreendido por alguma mudança súbita do clima...
Muitos passeios acabavam sendo mudados ou adiados
se fossem percebidas condições inseguras...
No domingo, antes do passeio, consultei o site
Windguru, que informava tempo nublado para todo o domingo, e chuva para a
segunda feira... (o que não se confirmou)
Eu estava com um grupo de amigos em casa,
comemorando o aniversário de um sobrinho, e dentre estas pessoas estavam minhas
amigas Andrea e Marcela...
Como no sábado já havia passeado com a Andrea (ido
até a praia do poço) e a Marcela nunca havia andado de moto aquática, convidei
a Marcela para um passeio, e como ainda havia uma vaga na moto aquática a
Andrea veio também...
Decidimos sair com duas motos aquáticas, (Eu Andrea
e Marcela em uma, e minha namorada e o filho na outra) Combinamos de ir para o
sul, e caso o mar estivesse bom, iríamos para o Bonete...
Saímos do Ilhajet Club por volta das 11:45 da manhã,
e em frente á praia do Julião fomos abordados por uma patrulha da marinha que
fazia a inspeção naval...
Ficamos aproximadamente 20 minutos e fomo liberados
para seguir com o passeio... Passeando pela costa da ilha, ia dizendo o nome
das praias, lugares interessantes, bem como mostrando a localização dos
naufrágios que estavam em nossa rota... Tudo transcorria maravilhosamente bem,
o mar muito calmo, a navegação tranquila... Decidimos então, como o mar estava
calmo o suficiente para irmos até o Bonete...
Passando pela pedra do japonês, e passei a navegar
mais próximo da costa, para mostrar as maravilhas das formações rochosas para
as meninas...
Chegamos rapidamente na formação rochosa do
Cação... Passamos em frente à primeira gruta, virei e retornava lentamente
mostrando toda beleza e magnitude daquela formação...
Quando fomos surpreendidos por uma forte
ondulação...
Esta ondulação atingiu a moto aquática pelo lado
esquerdo, fazendo com que nós nos desequilibrássemos e caíssemos na água...
Como eu estava em baixíssima velocidade, o impacto fez com que eu caísse do
lado direito da moto aquática, porem com a chave de segurança ainda no
contato...
Isto fez com que nossa moto aquática virasse em
direção à gruta do cação, e antes que nós pudéssemos subir a bordo, fomos
atingidos, agora por uma grande onda que nos arrastou para dentro da gruta...
Ocorre que como estávamos os três apoiados no mesmo
lado da moto aquática, a mesma acabou virando de ponta cabeça dentro da gruta.
Começava ai um pesadelo que não teria mais fim...
Dentro da gruta, minha primeira reação foi a de
tentar desvirar a moto aquática para podermos embarcar e seguir viagem... Porem
não conseguia apoio suficiente para reverter à embarcação, bem como as meninas
não conseguiam me ajudar nesta tarefa!
Decidimos então abandonar a embarcação e sair de
dentro da gruta! Começamos a nadar em direção á saída, e quando já na fora da
garganta da gruta, aparecia outra onda e nos mandava de volta...
Tentamos pelo menos cinco vezes este procedimento,
e percebi que por cima das ondas não conseguiríamos sucesso, pedi para que as
meninas se mantivessem calmas e poupassem energia, pois tinha certeza que a
outra moto aquática havia visto nosso acidente e iria providenciar socorro, mas
também sabendo da distancia que estávamos do canal, estimei para as meninas que
o socorro poderia demorar até umas duas horas para chegar...
Ficamos aguardando de forma tranquila e calma, pois
estávamos com colete e flutuando com tranquilidade, cada uma agarrada a um
banco da embarcação...
Conforme o tempo foi passando fiquei pensando em
alternativas de como sair dali... Uma seria tirar o colete e passar sob a
arrebentação na garganta... Ai pegar uma corda com uma bóia para puxar as
meninas...
Mas se ao sair não tivesse corda disponível? Não
poderia voltar caso não tivesse, e em hipótese alguma cogitava deixar as duas
sozinhas na gruta... Já tentar com que elas nadassem comigo sem o colete era um
risco muito grande, pois caso algo desse errado eu só poderia arrastar uma
delas...
O tempo passava, e apesar de termos combinado de
comer um peixinho assim que saíssemos da gruta, comecei a me preocupar quando
vi que as ondas começaram a aumentar de intensidade e frequência com que
entravam na gruta!
Já não era possível sequer se aproximar da garganta
da gruta... Isto decorrido aproximadamente duas horas após o acidente... Avisei
as meninas que o socorro já devia estar bem próximo, e que a qualquer momento
iríamos ver uma bóia com uma corda para nos tirar dali!
Escutamos então gritos vindos do lado de fora da
gruta! Respondemos com a esperança de que o socorro já havia chegado e em breve
aquele pesadelo iria terminar...
Mas não! Ao invés disto, passamos a ser castigados
cada vez mais pela fúria das ondas e não entendia o porquê da demora do
socorro... A única coisa que precisávamos era de uma corda e uma boia!
Rapidamente as condições do mar pioraram dentro da
gruta e passamos a ser atingidos agora pelos destroços da embarcação! Os bancos
que serviram de apoio para as meninas se desfizeram! A Marcela passava agora a
maior parte do tempo pendurada em mim! E Isto já com mais de três horas de
espera! Não compreendia a dificuldade de nos mandar uma boia com uma corda!
Com o agravamento da situação, pedia para as
meninas mantivessem a calma e que prendessem a respiração cada vez que uma
grande onda adentrasse a gruta. Podíamos perceber que iríamos ter companhia
quando a entrada da gruta ficava “escura”, nestas ocasiões uma grande onda
estava a caminho!
Os destroços da embarcação passarão então a ser
mais um obstáculo que tínhamos que enfrentar! Apesar de eu tentar isolá-los das
meninas, invariavelmente algum acabava por nos atingir! Fiquei muito preocupado
quando um dos destroços atingiu o rosto da Andrea...
Com a agitação constante do mar dentro da gruta,
passamos a nos chocar com as pedras e nos ferir com as cracas e mariscos...
Começavam agora a aparecer cortes e mais cortes em nossos corpos...
E além de se concentrar em não beber água do mar,
tínhamos também que nos preocupar com os destroços...
A situação passara agora para uma fase crítica...
Dentro da gruta passamos a gastar muita energia para escapar das ondas e dos
destroços... Percebi nesta hora que nossas chances de escapar dali estavam
diminuindo drasticamente... Não conseguia entender porque quase quatro horas
após o acidente não havia chegado nossa bóia de salvação...
Quem me conhece sabe que não sou de ficar fazendo
pedidos para Deus! Porem nesta tarde fiz um pedido: - Que se ele tivesse que levar
alguém dali, que eu fosse o escolhido!
Já havia examinado toda a gruta a procura de um
ponto que pudéssemos nos apoiar e sair da água caso tivéssemos que passar a
noite ali a espera de uma melhora nas condições do tempo, mas percebi que não
havia um só ponto seco na gruta...
Agora mais um fantasma passava a nos atormentar...
Estávamos rapidamente perdendo temperatura corporal! Olhei ao redor e não tinha
nada que eu pudesse usar para aquecer as meninas! Nem ficarmos grudados era
possível devido à agitação do mar dentro da gruta.
De tanto ficar nadando com a Marcela pendurada em
mim, comecei a ter câimbras... Nestes momentos parava de nadar e procurava
apoiar a perna nas rochas para poder reverter à câimbra... Eu sabia que caso
tivesse câimbra nas pernas, seria o fim...
Com o passar do tempo e a temperatura caindo, as
frequências dos princípios de câimbras aumentaram muito... E como o socorro não
chegava, achei que não viria mais...
Eu não fazia ideia do que estava acontecendo do
lado de fora... Agora já não tinha mais força ou energia para sair da gruta e
retornar com uma corda... Minhas forças estavam no fim...
Neste momento, adentrou um bombeiro na gruta e nos
perguntou quem estava em piores condições... Informamos que a Marcela era quem
estava sofrendo mais com a baixa da temperatura...
Ele então iniciou os preparativos para retira-la da
gruta... Prendeu á numa corda... Afastou-se de nós, mas instantes depois voltou
com a Marcela, dizendo que o “Jet Ski atrapalhou a saída vou ter que voltar
daqui a pouco para buscá-la!”.
Ai ele desapareceu nas ondas!!! Como assim
atrapalhou a saída???
Ficamos sem entender... Mas com esperança de um
breve retorno!
Porém mais uma vez veio a frustração... Nada!
Longos minutos se passarão e não entendíamos porque ninguém voltava!!!
Nisto num momento de calmaria avistamos uma corda
flutuando!!! Era o que tanto precisávamos para poder sair dali! Agora estávamos
com uma bóia circular e uma corda! Tudo o que havíamos desejado desde o inicio!
As duas meninas ficaram segurando na bóia enquanto eu as puxava com uma mão e
ia puxando a corda com a outra... Os problemas começaram quando estávamos
atravessando a garganta, a corda ficou “frouxa”... Não conseguia mais avançar
rapidamente... Eu já avistava a embarcação dos Bombeiros e vários barcos ao
redor só que não podia acenar para eles nos puxarem, pois estava com as duas
mãos ocupadas... Comecei a acelerar ao máximo a puxada da corda, mas a cada
puxão mais corda vinha na minha mão... Neste momento outra grande vaga veio em
nossa direção... Usei toda a força que possuía para segurar a corda e as
meninas... Não consegui...
Neste momento achei que tudo estava perdido...
Gastei as ultimas fontes de energia que ainda possuía nesta tentativa... Não
conseguia mais respirar... Não conseguia mais nadar... Minha sorte foi que esta
ultima onda me jogou sobre uma pedra no fundo da gruta que me permitia ficar
com o dorso fora da água sem a necessidade de bater os pés...
Estava definhando rapidamente... A frustração de
ter chegado praticamente fora da gruta e ter retornado para dentro causava uma
sensação terrível de fracasso... Neste momento nossa amiga Marcela nos
deixou... Ela não resistiu à hipotermia e acabou sucumbindo...
Tive que mais uma vez reunir energia não sei de
onde para me aproximar da Andrea e tentar confortá-la e dar esperança para que
ela aguardasse o socorro... Eu mesmo já não acreditava que alguém iria nos
resgatar, e não tinha mais forças para qualquer tentativa... Era tudo uma
questão de tempo... Pouco tempo...
Nisto mais um bombeiro adentrou a gruta e perguntou
por quem estava em pior condição... Informei que era a Andrea e pedi que ela a
tirasse o mais rápido possível...
Fiquei só na gruta com a Marcela... Não conseguia
entender porque estivemos tantas vezes tão perto de sair dali e não
conseguimos... Respirava com muita dificuldade e não tinha mais forças para
enfrentar as ondas... Estava cada vez mais fraco e engolindo cada vez mais
água...
Uns vinte minutos se passaram até que dois
mergulhadores adentraram novamente na gruta... Confesso que achei que mesmo com
eles não conseguiria mais sair... Já não tinha mais força para segurar a
corda... Um deles me prendeu a uma espécie de bóia e foi comigo na saída...
Fomos resgatados por um bombeiro que nos esperava na saída numa moto aquática e
me levou a um bote dos bombeiros...
Não sei como subi a bordo... Quando percebi estava
deitado na embarcação sentindo muito frio e sem conseguir respirar...
Ofereceram-me oxigênio e acredito que isto foi primordial para que eu chegasse
com vida ao hospital.
No Hospital Mario Covas fui atendido com extrema
cortesia e profissionalismo. E nas poucas vezes que estive no Hospital sempre
fui bem atendido!
Os médicos e médicas que me atenderam, bem como os
enfermeiros e enfermeiras que me trataram com extremo carinho! Eu estava
extremamente debilitado, com uma sede “mostro”, e nunca na minha vida um copo
de água teve sabor tão maravilhoso!
Passei a noite toda acordado, pois as feridas não
me deixavam dormir, e a cada vez que fechava os olhos escutava o barulho das
ondas e via as imagens delas entrando na gruta.
Minha noite só foi suportável, porque durante toda
a madrugada, uma enfermeira de nome Susan, oriunda do Bonete e em avançado
estado de gravidez passou por varias vezes no meu leito para cuidar de minhas
feridas... E diminuir minha dor...
Mas a dor mais profunda ainda estava para por
vir... Foi na manhã seguinte quando os pais de minha amiga Marcela vieram me
visitar! Como explicar para eles que não consegui tira-la de lá com vida! Como
explicar para eles que por mais que eu tenha me esforçado, por mais que eu
tenha tentado fracassei em tira-la de lá com vida... Não existe no mundo dor
maior do que a perda de um filho! Nós não estamos preparados para isto
acontecer! Desde pequenos somos programados para ver nossos avós partir...
Depois nossos pais... Quando a ordem é invertida, o mundo parece acabar... A
dor parece não ter fim...
Ainda hoje não consigo entender como um passeio
tranquilo e feliz se transformou numa enorme tragédia!
Não tem uma só noite que não feche os olhos e não
sinta o mar me arrastando... O barulho aterrorizante das ondas batendo na
gruta... Não veja as imagens do pior dia da minha vida...
E sempre ficam as questões martelando na minha
cabeça:
E SE...
Qualquer um dos detalhes abaixo citados fosse
modificado, a tragédia poderia ter sido evitada:
Se tivéssemos ficado mais tempo ou menos tempo na
fiscalização da Marinha poderíamos mudar o timing de quando o Jet passava
enfrente a gruta, e a primeira onda não nos atingiria...
Se estivéssemos com velocidade superior enfrente a
gruta quando a primeira onda nos atingiu, o Jet não iria desequilibrar e não
teríamos caído no mar...
Se não tivéssemos caídos todos para o mesmo lado o
Jet não teria virado de encontro com a entrada da gruta...
Se ao cair do Jet a trava do botão de emergência
tivesse escapado e paralisado imediatamente o Jet, não teríamos nos aproximado
tanto da entrada da gruta...
Se quando a segunda onda que nos atingiu, não
tivesse virado o Jet, poderíamos ter saído rapidamente lá de dentro.
Se tivéssemos conseguido desvirar o Jet rapidamente
teríamos saído de lá ilesos...
Se tivéssemos abandonado os coletes poderíamos ter
saído a nado quando o mar ainda estava calmo e estávamos com plena energia...
Se o socorro tivesse conseguido enviar a tempo uma boia
com um cabo preso em algo fixo, teríamos conseguido sair de lá...
Se a primeira tentativa de resgate não tivesse sido
abortada, todos teríamos escapados...
Portanto estar no local errado na hora errada
desencadeou esta tragédia que podia sim ter sido evitada...
Agora após passar por esta situação é que
finalmente entendi a gratidão que um resgatado sente por seu socorrista...
Assim que me recuperar quero poder voltar ao Bonete e abraçar as pessoas que
mesmo não nos conhecendo arriscaram suas vidas para nos salvar... Quero
agradecer aos bombeiros que apesar de serem preparados para situações como esta
estavam totalmente desequipados e tiveram que improvisar e por suas vidas em
risco para nos salvar...
Quero agradecer também a todos que se envolveram de
alguma forma em nosso resgate, seja pelas redes sociais, telefones, ou indo
buscar apoio nas embarcações que por ali passavam...
E enfim lembrar-se de minha querida Marcela, que em
qualquer lugar que esteja saiba que nunca me esquecerei de você e prometo de
todas as formas procurar alguma forma de confortar sua família...”